Voz sibilante
que se tornou uma habituação,
paixão desconcertante,
mantenho-me em negação.
Nego tudo o que não quero,
não aceito nada do que é imposto,
assim vivo sem desespero,
desespero que tem um rosto.
Rosto marcado pela ausência,
pela indiferença, pela saudade,
só dá carinho em permanência
quem vive a vida na sua intensidade.
Intensidade que é inata,
que não se aprende nem se ensina,
surge a cumplicidade imediata
que nos deixa num desatino.
Sem explicação,
sem racionalismos,
sente-se a vibração,
vive-se nos abismos.
Abismos que nos atraem,
que nos empurram sem opção,
há uns que caem...
outros ficam com os pés no chão!
(Mafalda)
