A noite chega de mansinho
com ela vem o desassossego,
pensamentos em desalinho
à espera de um aconchego.
Vive-se numa habituação,
que nunca será verdadeira,
reprime-se a sensação
de recordar a sombra de uma oliveira.
Sons só os da natureza,
nada mais se ouve por aqui,
gostava de ter a esperteza
de conseguir esquecer o que vivi.
Quando nos dizem para esquecer,
quando nos dizem que não vale a pena...
Quem diz isso nunca conseguirá perceber
porque nunca teve da vida a parte serena.
A serenidade que eu sinto
ainda resulta do teu amor,
confiarei sempre no meu instinto
nem que isso só me cause dor.
Amas-me, eu sei,
sentes a minha falta, tal como eu,
e só isto escutarei
porque o teu amor é só meu!
(Mafalda)