Tristes voos...

29-10-2014 21:51
Triste sina a da borboleta
que cria ilusões de poder voar,
nuns dias tem conversa de treta
noutros não tem com quem falar.
 
Triste fado a que foi destinada,
começava a acreditar, mas com receio,
mas a doença foi-lhe diagnosticada
e o desejo dela nem chega a meio.
 
Triste sorte teve de lhe calhar,
de nada lhe vale fugir da realidade,
acreditar que podia voar
foi mais um devaneio da sua insanidade.
 
Triste voo lhe reserva a vida,
bate as asas mas não se movimenta,
de nada lhe vale recomeçar a ser atrevida,
vê-se estagnada e tudo lamenta.
 
Triste vida de uma borboleta errante,
que deixou as asas no passado,
por muito que queira mudar o semblante,
tudo acaba mesmo antes de ter começado.
 
Triste mágoa que a imobilização lhe acarreta,
é malfadada em todos os voos que intenta,
olha para o ar e faz uma careta,
olha em frente e nada a alenta.
 
Triste de quem tem asas e não consegue voar,
de quem tem sonhos e não os consegue concretizar,
é triste passar a vida a imaginar
o que se faria se asas lhe permitissem escapar...
 
(Mafalda)