Que raiva eu tenho de mim,
de questionar tudo o que pensei ter conseguido,
um dia teria de te rever, enfim,
e perceber que nada foi esquecido.
Há um amigo que diz que estou em fase de negação,
que basta um sinal e eu vou a correr,
malvada a hora em que temos um coração,
não me posso permitir voltar a sofrer.
Mas a tua imagem não me sai da retina,
o teu passo desnorteado e sem um rumo definido,
continuas a fazer o mesmo caminho até à esquina,
continuas a esperar que eu esteja algures escondida.
Mas hoje não consegui evitar,
quis o destino que nos cruzássemos um ano depois,
felizmente tu não estavas numa de reparar,
eu não sei o que podia acontecer se olhássemos os dois.
Que treta, já não sei o que pensar,
tudo se baralha e volta a baralhar,
vou-me obrigar a aqui ficar,
tu até podes querer, mas nada tens para me dar...
(Mafalda)