Sinto o silêncio do vazio
a invadir a casa que me abriga,
ar pesado, doentio,
calmaria antes da briga.
Sinto adversidades esbatidas,
entranhadas nas cores da escuridão,
ecoam como vozes repetitivas,
quebram a paz da minha solidão.
Sinto tempestades intensas
que se aproximam com uma velocidade atroz,
envolta em teias densas
vou acabar por perder a voz.
Sinto que esta paz está a chegar ao fim
e que são fortes os ventos que me assolam,
aos poucos deixei de pertencer a mim,
mas nunca serei daqueles que se imolam.
Sinto que sem obstáculos não há vitórias,
que sem choro não há alegria,
profiro estas palavras inglórias
para que adocem o regresso da agonia.
Sinto uma insatisfação crescente,
uma falta não sei de quê,
se me virem continuo sorridente,
só me entende quem ainda me lê...
(Mafalda)