Sabe-me a pouco...

14-04-2014 20:42

Sabe-me sempre a pouco,

vá-se lá saber porquê,

considero-me um ser louco,

que deixou de acreditar no que apenas se vê.

Querer-se mais e mais de nada,

é um absurdo que me enlouquece,

aqui permaneço só e abandonada,

à espera do algo que nunca se esvanece.

Estive presente no passado,

estou presente na atualidade,

estarei sempre presente no futuro,

só agora entendo a minha dualidade.

É um querer tudo sem nada querer,

é saber que gosto do que tenho,

é uma vontade louca de me transcender,

é uma incapacidade inata de apurar o engenho.

Começo agora a ter algumas dificuldades,

sozinha não estou a conseguir lá chegar,

talvez sejam estas minhas insanidades,

que me mantêm sempre a capacidade de sonhar.

Sonho com um dia que nunca chega,

com uma noite de tórrida paixão,

cuidado, ninguém se atreva,

a estar perto de mim nesta situação.

Preciso de libertar esta minha loucura,

preciso de arranjar alguém que me agarre,

vivo há muito nesta contínua brandura,

tento vislumbrar se a porta se abre.

Às vezes parece que sim,

às vezes parece que não,

sinto que não estou em mim,

hoje não queria mesmo nada esta minha solidão...

(Mafalda)