Que estranha forma de vida
existir por existir,
o que faz uma despedida,
o que faz não ter força para insistir.
Remar contra marés,
ir contra o próprio destino,
não aceitar o revés,
continuar a sonhar contigo.
Que estranha forma de estar,
de lidar com as contrariedades,
continuar a amar,
sabendo que não há mais possibilidades.
Que estranha forma de pensar,
(vais estar de férias em breve)
eu, aqui, continuo a sonhar
e a esperar que te atrevas.
Atreveres-te a lutar,
a ir de encontro ao teu coração,
deixares de te acomodar
e passares a viver com paixão.
Que estranha forma de pessoa,
será que sou mesmo gente?
Bem tento ouvir o que ressoa
mas a minha audição não está a ser abrangente.
Apenas um tic tac,
bem no fundo de um poço,
mas enquanto houver esse tic tac
a minha vida não passa de um esboço.
Esboço do que poderia ter sido,
esboço do que sonhei para nós os dois,
não fazia parte do teu discurso teres-me esquecido,
mas o teu discurso mudou, mudou pois!
(Mafalda)