Perguntam-me...

03-12-2013 16:42

Perguntam-me o que estou a fazer,

se estou a desistir de ti,

nada faço para te esquecer,

mas tu foste uma história que eu já vivi.

Falo no passado, eu sei,

apenas porque é essa a realidade,

quem me lê sabe o quanto desesperei,

o quanto lutei para ver a claridade.

Quando a vida não quer,

nada há a fazer,

e dê lá por onde der

eu tenho de continuar a viver.

Já aqui disse o quão calma estou,

que já nada me atormenta,

abençoado frio que para longe levou

tudo aquilo que já não me apoquenta.

Só quero ser feliz,

o mesmo desejo para ti,

se nada mais eu fiz

é porque já chegou o que sofri.

Rumos distintos,

caminhos separados,

uns ficam famintos

outros permanecem abastados.

Há que saciar as necessidades,

há que viver apenas a nossa vida,

cansei-me de calamidades,

fartei-me de despedidas.

Há quem goste de mulheres dependentes,

sem auto estima e sem ambição,

que fuja de mulheres independentes

que vão à luta por uma paixão.

Nunca dependi de ninguém,

sempre prezei a minha autonomia,

expetativas que ficaram muito aquém

de tudo o que ele dizia que faria.

Sofri na pele a desilusão,

entranhou-se em mim a melancolia,

permitir-me um dia a uma nova paixão,

é algo que eu sei, que nunca faria.

Mas preciso de viver,

de rir, de brincar,

se algo aqui se deitou a perder

foi apenas a minha capacidade de amar.

Bati bem fundo neste amor,

de forma alguma poderia continuar assim,

nada fiz, mas saí do torpor,

voltei a viver só para mim.

(Mafalda)