Perguntam-me o que estou a fazer,
se estou a desistir de ti,
nada faço para te esquecer,
mas tu foste uma história que eu já vivi.
Falo no passado, eu sei,
apenas porque é essa a realidade,
quem me lê sabe o quanto desesperei,
o quanto lutei para ver a claridade.
Quando a vida não quer,
nada há a fazer,
e dê lá por onde der
eu tenho de continuar a viver.
Já aqui disse o quão calma estou,
que já nada me atormenta,
abençoado frio que para longe levou
tudo aquilo que já não me apoquenta.
Só quero ser feliz,
o mesmo desejo para ti,
se nada mais eu fiz
é porque já chegou o que sofri.
Rumos distintos,
caminhos separados,
uns ficam famintos
outros permanecem abastados.
Há que saciar as necessidades,
há que viver apenas a nossa vida,
cansei-me de calamidades,
fartei-me de despedidas.
Há quem goste de mulheres dependentes,
sem auto estima e sem ambição,
que fuja de mulheres independentes
que vão à luta por uma paixão.
Nunca dependi de ninguém,
sempre prezei a minha autonomia,
expetativas que ficaram muito aquém
de tudo o que ele dizia que faria.
Sofri na pele a desilusão,
entranhou-se em mim a melancolia,
permitir-me um dia a uma nova paixão,
é algo que eu sei, que nunca faria.
Mas preciso de viver,
de rir, de brincar,
se algo aqui se deitou a perder
foi apenas a minha capacidade de amar.
Bati bem fundo neste amor,
de forma alguma poderia continuar assim,
nada fiz, mas saí do torpor,
voltei a viver só para mim.
(Mafalda)