Um dia perdi um ombro,
mas perdi porque desistiu,
sofri um rude tombo
ao saber que de vez partiu.
Quando se morre é diferente,
sabemos que não é por opção,
sabemos que apesar de ausente
permanecemos no seu coração.
A morte é o único fim,
a única justificação para uma despedida,
quando o sentimento ainda habita em mim
não faz sentido sentir-me esquecida.
Recentemente perdi outro ombro,
o ombro mais importante da minha vida,
sofri um imenso rombo
que quase me deixou desfalecida.
Este foi por opção,
dói muito, mas mesmo muito,
foi esta a sua solução
ao optar por um relacionamento moribundo.
Talvez tenha ressuscitado,
talvez agora seja feliz,
nesse caso é muito justificado
que só eu permaneça infeliz.
(Mafalda)