Fui encostada à parede
sem qualquer hipótese de escapar,
sinto-me a entrar na rede
de voltar a acreditar.
Não quero contestar,
nem tão pouco me desagrada a ideia,
não sei mais o que esperar,
sinto que a coisa pode virar feia.
O dia. Apenas o dia.
Importará mais alguma coisa?
Recordo de quando sorria
e não me importava de partir a loiça.
Viver sem emoção é uma monotonia,
fugir do que a vida nos quer dar é pura demagogia.
Sinto-me renascer de um luto pesado,
a abrir cautelosamente o meu coração,
lentamente deixa de ser um sentimento emboscado,
se vou ou não acreditar... perdoem-me, mas não sei não!
É o malvado do receio,
aquele me me remeteu à minha vida,
são momentos por que anseio
e aos poucos vou ficando rendida.
O dia. Apenas o dia.
Nada mais ambiciono por agora,
sabe Deus o que eu não faria
para superar esta longa demora.
Deixo andar sem nada prever,
sigo em frente sem saber se me vou arrepender,
há sempre o medo de voltar a sofrer,
mas se não arriscar nunca irei saber.
Arrependimentos que sejam pelo que fiz,
nunca pelo que gostaria de ter feito,
há situações que nascem de raíz,
que aceleram o interior do meu peito.
O dia. Apenas o dia...
(Mafalda)