Da mesma forma que o fado é tristeza,
poesia é dor que brota bem do nosso interior,
mas nós não temos nenhuma esperteza
e juntamos ambas no mesmo recetor.
Cantar não funciona comigo,
desafino em qualquer melodia,
escrever versos é um hábito muito antigo
que regressou à tona nesta agonia.
Tento esquecer-te mas sem convicção,
tento não me lembrar dos teus traços,
mas o que fazer ao meu coração
que está desfeito em pedaços?
Não há cola que o una,
passe por mim quem passar,
perdoem-me alguma lacuna
mas de nada adianta negar.
Complicado de gerir,
só aqui sou eu própria,
não sei o que está para vir,
mas desistir é inglório.
Estou quieta mas sinto o mesmo amor,
apenas não o demonstro a ninguém,
mas vou ter de sair deste torpor
seja a mal seja a bem...
(Mafalda)