Mar...

09-07-2014 21:49

Noite estrelada,

calor que me envolve,

tenho de permanecer calada,

falar já nada resolve.

Quase lua cheia,

maré baixa com água muito fria,

só colhe quem semeia,

já no passado se dizia.

Semeio a minha própria vida,

a paz com que adormeço todas as noites,

a serenidade foi por mim escolhida,

mas só depois da vida me ter dado inúmeros açoites.

Opto por observar as pequenas coisas do mundo,

o que a natureza nos dá sem nada pedir de volta,

quando vacilo, faço-o apenas por um segundo,

no resto do tempo deixo a minha natureza completamente à solta.

Não há palavras que descrevam,

não consigo dizer mais do que isto,

por muitos versos que se escrevam,

da minha própria vida eu nunca desisto.

Gosto do restolhar que oiço na minha sala,

do barulho das ondas contra a areia parada,

do silêncio que se ouve, porque já ninguém fala,

da inspiração que nem sempre vem muito apurada.

Gosto de viver na casa que é minha,

no local que escolhi para morar,

se hoje estou aqui sozinha,

nada importa, porque tenho todo o mar.

A água sempre me deu paz,

passei horas a fio a contemplar a linha do horizonte,

se um dia alguém não souber como se faz,

caiam, sofram e depois levantem-se que o caminho é sempre em frente...

(Mafalda)