Gelo...

20-04-2015 09:15
Preciso que volte o gelo,
Aquele que nunca devia ter desaparecido,
A minha vida não é um segredo
E novamente o horizonte se encontra enegrecido.
 
Acabo por ser uma ingénua repetente,
Que acredita que tudo pode mudar,
Mas o passado é o presente
E de nada adianta divagar.
 
O erro só pode ser meu,
Ou então fui vítima de algum feitiço,
Desaparece quem apareceu
Tudo não passou de um leve esquisso.
 
Não faz diferença o estado civil,
Tudo acaba por ser igual,
O homem é um ser imbecil
E eu sou a parva habitual.
 
Porque quebrei o meu isolamento,
Porque me permiti acreditar?
Agora estou em fase de lamento
Mas já não devia estranhar.
 
Não entendo.
Palavra que não percebo.
Eu tento
Mas tudo parece placebo.
 
Repete-se a estória,
Repetem-se as incertezas,
Mais uma relação inglória
A somar a todas as outras tristezas.
 
Tenho de me mentalizar
Que relações não são para mim,
O que é isso de apaixonar,
Porque tem de ser sempre assim?
 
Há sempre obstáculos
Para quem não quer assumir,
Sinto-me envolta em tentáculos
Que me impedem de sorrir.
 
Não me posso permitir acreditar
Que um dia vou rir com vontade,
A vontade inicial depressa acaba por passar
E é apenas e só esta a minha realidade.
 
Confesso que desta vez não esperava,
Que me permiti construir castelos,
Apesar de pouco exigir, tudo acaba,
E volto-me a ver enredada em novelos.
 
Destesto o homem,
Porque ele não sabe o que quer,
As esperanças somem
E eu vou deixar de ser mulher.
 
Se for cínica e fria,
Se gozar e ironizar,
Nunca mais sofro a razia
De ver quem quero se afastar.
 
É a minha sina, o meu fado,
Nem de outra forma seria normal,
Cansa-me o enfado
De tudo ser sempre igual...
 
(Mafalda)