Está quase...

24-03-2014 09:42

Consigo manter a minha fachada,

desde que não te ponha a vista em cima,

se te vejo fico enclausurada,

sem perceber qual de nós é a vítima.

Faltam dois dias para teres o meu livro,

cada vez estou mais ansiosa,

não sei se o vais considerar um amigo,

ou se o vais entender como uma escrita perigosa.

Quando o nosso sangue nos diz para não desistir,

para correr e ir atrás,

não sei se devo sorrir,

ou pensar no mal que isso me faz.

É um querer mas saber que não dá,

é uma vontade que teima em ficar sossegada,

como eu gostava que aparecesses já,

para acabar de vez com toda esta charada.

Sempre dissemos coisas opostas,

que não haveria terceira vez,

que quando tivesses todas as respostas,

voltarias para ficar de vez.

O tempo corre demasiado depressa,

dizem-me que posso morrer esta semana,

mas que tens de saber que ninguém se atravessa

no coração de quem ainda te ama.

É um querer que saibas,

que o que escrevo é para ti,

mas também que não saibas,

porque não posso reviver o que já sofri.

Mas ver-te mal despedaçou-me,

senti o meu mundo a ruir,

o destino baralhou-me,

e agora já não consigo sorrir.

Não posso esperar milagres,

mas penso que é bom sentirmo-nos amados,

não vou esperar que acabes

relacionamentos há muito condenados.

Vou continuar a escrever,

é esta a minha forma de estar contigo,

nada mais irei fazer,

não posso colocar-me mais em perigo.

O sono não me traz tranquilidade,

sonho com o que quero e não quero,

durmo pouco, com tamanha insanidade,

acordo novamente com um sentimento de desespero.

Já tinha passado essa fase,

ou pelo menos pensava que sim,

vou aguardar, já está quase,

novamente vais ter notícias de mim.

Desde já peço desculpa,

pelos danos que te possa causar,

acredita, não é minha culpa,

mas não se calam até eu to fazer chegar.

Entende-o como uma prenda de amor,

como um diário do que te queria ter dito,

tira de mim todo o calor

que te possa proporcionar um futuro bendito.

Nada será novidade para ti,

sabes tudo o que sinto e penso,

sabes que não te esqueci,

sabes que fiquei envolta num nevoeiro denso.

Disfruta, depois da mágoa passar,

usa-o como a tua tónica matinal,

tudo se resume a continuar a amar

quem um dia pôs um ponto final...

(Mafalda)