Não é por ser Natal,
Não é por nenhum dos motivos habituais,
Talvez ele seja o tal,
O que tem intenções reais.
Digo talvez porque não sei,
Não consigo perceber o objetivo,
Tem acontecido o que sempre sonhei
Mas sinto-me envolta em grande perigo.
Se não fosse a conjuntura
Não hesitaria em me deixar ir,
Mas tenho medo de saborear a amargura
De um dia ter de o ver partir.
Hoje tudo correu ao contrário,
Desde o acordar até agora,
Queria fugir para um mundo imaginário
E fugia já, sem mais qualquer demora.
Quero confiar e já dou uns passos,
Quero acreditar que tudo é verdadeiro,
Mas a vida é feita por compassos
Em que o ponto do fim é o mesmo que o primeiro.
É complicado querer algo mais,
Quando o tempo é demasiado escasso,
Hoje preciso de me encostar a beirais
Para não dar mais um tombo crasso.
Talvez seja a insegurança a falar,
Talvez seja o medo de estar enganada,
Depois começo para aqui a pensar
E vem a certeza de uma nova derrocada.
Deverei fugir do que quero?
Deverei parar por aqui?
Se for para evitar um novo desespero...
Vai-me restar a memória do que já vivi.
Não sei o que faça,
Não sei o que faço,
Hoje estou uma desgraça,
Precisava do teu regaço.
Há dias negativos,
Em que tudo corre mal,
Surgem pensamentos destrutivos
E depois nada fica igual.
Não sei o que faça,
Não sei o que pense,
Estou recolhida em casa
À espera do teu abraço quente.
Mas ele não chega,
Nem sei se um dia vai chegar,
Porque é que uma pessoa se apega
Quando sabe que um dia o sonho vai acabar?
(Mafalda)