Canção...

28-09-2013 20:43
"Não te fies do tempo nem da eternidade,
que as nuvens me puxam pelos vestidos
que os ventos me arrastam contra o meu desejo!
 
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã morro e não te vejo!
 
Não demores tão longe, em lugar tão secreto,
nácar de silêncio que o mar comprime,
o lábio, limite do instante absoluto!
 
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã eu morro e não te escuto!
 
Aparece-me agora, que ainda reconheço
a anêmona aberta na tua face
e em redor dos muros o vento inimigo...
 
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã eu morro e não te digo..."
 
(Cecília Meireles)