Numa das últimas vezes que te vi,
dedilhei todo o teu rosto,
parece que antevi
que ia ter um grande desgosto.
Percorri cada pedaço de pele,
a covinha do teu queixo,
guardei a imagem em papel,
papel esse que nunca deixo.
Os contornos dos teus olhos,
o perfil do teu nariz,
hoje só tenho os sonhos
desse momento feliz.
Acariciei as tuas orelhas,
cada pedacinho de ti,
as recordações vão ficar velhas,
desgastadas com o que sofri.
Recordo cada traço teu
como se de mim se tratasse,
o meu tacto nunca esqueceu
o teu rosto com muita classe.
És deveras muito interessante,
uma pessoa que não se pode esquecer,
às vezes posso parecer hesitante
mas, no fundo, sei que não te vou perder...
(Mafalda)