Até um dia...

15-05-2015 21:03
Comecei este blogue dia 11 de abril de 2013 porque precisava de um escape onde libertasse tudo o que me passava pela cabeça, pelo coração.
 
Dois anos passados, encontro-me exatamente na mesma situação. Mas desta vez não vou permitir que uma pessoa recém chegada na minha vida faça tantos estragos. 
 
Apaixonei-me. Não esperava que acontecesse. E desde que esta relação de curta duração acabou, percebi o quanto ele era importante para mim. Não era uma atração, não era um devaneio e também não era um caso meramente sexual.
 
Estive dois anos a “curar-me” de um amor que me atacou durante duas décadas. Que me deixou no chão, sem qualquer vontade de me levantar. Que me fez bater no fundo.
 
Em meados do ano passado cruzei-me com uma pessoa que me “libertou”, que me fez voltar a acreditar em mim e no meu valor como pessoa, como mulher. Estou-lhe grata até à eternidade, mas o que houve entre nós nunca passou disso mesmo: da minha libertação. Posso dizer que adoro essa pessoa, que nunca a vou esquecer e que terá sempre um lugar no meu coração. Mas nunca o amei, não era suposto isso acontecer. Não estava escrito que fosse para acontecer.
 
Mas ao libertar-me fiquei disponível para acreditar. E quando acreditei, envolvi-me sem esperar e gostei do que estava a sentir. A sensação de ter uma cumplicidade total, uma empatia brutal, uma química como existem poucas, um desejo que me enlouquecia, e que tudo era correspondido. E desta vez sem entraves, sem escondimentos, sem justificações e sem mentiras.
 
Era algo real. Era algo muito bom, que me fazia querer mais e mais. Mas acabou. Não por minha opção, mas acabou.
 
Mas desta vez, apesar de estar mal, não me vou deixar ir nas asas da dor. Vou ter de reagir da única forma que sei: fechar-me, isolar-me, bloquear as minhas emoções e os meus sentimentos.
 
E para conseguir fazer isso, não posso continuar a escrever. Porque cada palavra que escrevo é um reviver de tudo, um relembrar de um amor que foi morto à nascença, contra a minha vontade.
 
Não o posso fazer. Não o devo fazer. Não o quero fazer.
 
Perdoem-me. Eu sei que foram a minha companhia durante dois anos, mas neste momento tenho de pensar em mim. Apenas em mim.
 
A minha veia de poeta tem de ser guardada a sete chaves, pois para mim, a poesia é a melhor forma de libertar a dor. Poeta sofre. E eu não quero sofrer mais. 
 
Muito, muito obrigada pela vossa presença constante. Não vou fechar o blogue. Apenas vou deixar de escrever.
 
Desejo-vos tudo o que desejo para mim. E mais ainda, se assim o desejarem.
 
Até um dia...
 
Mafalda Ling